Publicação: 31/01/2010
Autoridades ainda não conseguem conter o "ciberbullying", forma de agressão que se utiliza de sites de relacionamento. Brasília é a capital campeã de casos de humilhação repetitiva.
O burburinho ao fundo da sala de aula, a fofoca sempre feita pelas costas e a risada maldosa no canto da boca ganham dimensões cibernéticas quando chegam às redes sociais e aos sites de relacionamento da internet. A agressão, o preconceito e as humilhações que antes ficavam restritos a um pequeno grupo de pessoas agora fogem ao controle até das autoridades e ganham o mundo sob a forma do cyberbullying. Se ainda não ganhou tradução em português, o termo bullying - derivante de "bully", que quer dizer valentão - tem significado forte para os jovens que sofrem a intimidação dos colegas e até de professores.
O assunto é tão sério que se tornou alvo de estatística do IBGE. Três em cada 10 estudantes brasileiros, matriculados no último ano do ensino fundamental, relatam ter sido vítimas dessa humilhação. E Brasília é a capital com o maior índice de casos (35,6%). O segundo lugar é ocupado por Minas Gerais.
Na internet, o fenômeno faz novas vítimas a cada dia e já responde por uma avalanche de processos na Justiça contra empresas virtuais e provedores de sites, como o Orkut, de propriedade da Google Brasil, que abriga cerca de 90% dos conteúdos criminosos investigados recentemente pelo Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos do Ministério Público Federal (MPF).
"Pela internet, o potencial de disseminar atos ilícitos é infinitamente maior e ainda há o requinte do anonimato propiciado pela tecnologia", alerta a coordenadora da Promotoria de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público, Vanessa Fusco Nogueira Simões, especialista em cyberbullying. Ela diz que os jovens são mais suscetíveis ao bullying porque estão em fase de afirmação.
Rodrigo (nome fictício), 8 anos, conhece bem os traumas desse tipo de agressão. Em agosto do ano passado, colegas de sala mancharam a reputação do garoto ao criar um falso perfil num site de relacionamentos. "Eles tiraram uma foto minha pelo celular e colocaram meu nome, minha idade e a escola em que estudo na página. Não gosto nem de lembrar o que falaram de mim. Disseram que sou 'mulherzinha' e outras coisas horríveis", contou Rodrigo, ainda muito abalado. Os pais do menino, aluno de um colégio particular de Belo Horizonte, estão movendo uma ação contra a empresa virtual.
Em Brasília, a servidora pública Estela (nome fictício), 31 anos, foi vítima de bullying duas vezes na adolescência. O episódio mais traumático ocorreu quando ela tinha 11 anos. "Um dia comentei que o trabalho do nosso grupo estava uma titica. A palavra virou meu apelido, e se espalhou por toda a escola. Sempre que eu entrava na sala de aula, meus colegas entoavam um coro sussurrando "titica-titica-titica". Na época, ela não conseguiu contar o que se passava nem para os pais. "Quem sofre com o bullying não conta. A confiança que temos nas pessoas é abalada. Se até nossos amigos fazem isso, em quem confiar?", questiona.
Siga a cartilha para combater o ciberbullying
Publicação: 31/01/2010
A coordenadora da Promotoria de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público, Vanessa Fusco Nogueira Simões, especialista em cyberbullying , conta que convênios firmados com a Google do Brasil permitem a retirada imediata da internet de páginas com conteúdo ofensivo que se configurem bullying. É possível manter as provas para identificação dos autores. "Nossos instrumentos legais ainda são frágeis e não há lei específica para o bullying. Mas o fenômeno se enquadra em crimes contra a honra, cuja pena é de um a seis meses de detenção e multa", diz Vanessa.
Denúncias podem ser feitas pelo e-mail crimedigital@@mp.mg.gov.br e, no próximo dia 9, o Ministério Público Estadual deve lançar uma nova versão da cartilha com dicas de navegação segura. A denúncia dos casos de bullying a autoridades competentes, como o Ministério Público, conselhos tutelares e secretarias de educação, é o melhor caminho para o combate a esse tipo de crime, de acordo com o professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutor em educação Cristiano Mauro Assis Gomes. "Ninguém tem domínio sobre as crenças e os valores de uma pessoa, ou seja, é difícil convencê-la a não ser preconceituosa. Mas isso não significa que elas possam assumir comportamentos preconceituosos, humilhando ou maltratando o outro. Por isso, as instituições precisam criar estratégias para diminuir o problema e evitar atitudes que causem constrangimentos e traumas nas pessoas".
O que é bullying?
O bullying é um conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos, adotados por um ou mais alunos contra colegas, sem motivação evidente. A agressão moral, verbal e até corporal sofrida pelos alunos provoca dor, angústia e sofrimento na vítima da brincadeira, que pode entrar em depressão.
Formas de maus-tratos
- Físico (bater, chutar, beliscar);
- Verbal (apelidar, xingar, zoar);
- Moral (difamar, caluniar, discriminar);
- Sexual (abusar, assediar, insinuar);
- Psicológico (intimidar, ameaçar, perseguir);
- Material (furtar, roubar, destroçar pertences);
- Virtual (zoar, discriminar, difamar, por meio da internet e celular).
Sinais em vítimas
- Apresenta com freqüência desculpas para faltar às aulas ou indisposições, como dores de cabeça, de estômago, diarréias e vômitos, antes de ir à escola;
- Pede para mudar de sala ou de escola, sem apresentar motivos convincentes;
- Apresenta desmotivação com os estudos, queda do rendimento escolar e dificuldades de concentração e aprendizagem;
- Volta da escola irritado ou triste, machucado, com as roupas ou materiais sujos ou danificados;
- Apresenta aspecto contrariado, deprimido, aflito ou tem medo de voltar sozinho da escola;
- Possui dificuldades de relacionar-se com os colegas e fazer amizades;
- Vive isolado em seu mundo e não quer contato com outras pessoas que não façam parte da família.
O que fazer?
- Observe qualquer mudança no comportamento.
- Estimule para que fale sobre o seu dia a dia na escola.
- Não culpe a criança pela vitimização sofrida.
- Transforme o seu lar num local de refúgio e segurança.
- Ajude a criança a expressar-se com segurança e confiança.
- Valorize os aspectos positivos da criança e converse sobre suas dificuldades pessoais e escolares.
- Procure ajuda psicológica e de profissionais especializados.
- Procure a direção da escola ou ajuda de um conselho tutelar.
Fonte: Centro Multiprofissional de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar. (Cemeobes)
Atenção Alunos:
Após a leitura e interpretar do Texto, copiar e responder em seus cadernos as questões propostas abaixo.
1. O que é ciberbullying?
2. Você já foi vítima de ciberbullying? Explique
3. O que é bullying?
4. Você já foi vítima de bullying? Explique
5. Você conhece algum amigo(a) que foi vítima de ciberbullying? E qual foi o seu comportamento para auxiliá-lo?
6. Você conhece algum amigo(a) que foi vítima de bullying? E qual foi o seu comportamento para auxiliá-lo?
7. Quais as empresas virtuais e provedores de sites onde ocorrem essas práticas perniciosas?
8. Qual o órgão do Ministério Público responsável em combater o ciberbullying?
9. Em sua opinião o que mais atormenta as crianças e adolescentes, o bullying ou o ciberbullying? Explique (para debate em sala)
10. Quais são as Formas em que se apresentam?
11. Como identificar os possíveis sinais que surgem nas vítimas?
12. O que fazer, em sua opinião, para reverter o quadro?
13. Em sua sala há casos de bullying ou ciberbullying? Em caso afirmativo conversem em separado com o seu professor para que providências sejam tomadas.
Obs.:
• O professor irá cobrar a tarefa na próxima aula.
• A atividade faz parte da avaliação do 2º Bimestre.
• Todos deverão copiar em seus cadernos, perguntas e respostas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário