0 sinal soa. Azoada é geral. Uma multidão de adolescentes abre passagem, em todas as direções. Em segundos, ocupam o pátio, as quadras e os jardins. O recreio da escola é uma verdadeira festa!
A galera vibra, como se fosse ao encontro do que existe de mais precioso nesse mundo. Certamente, vão, sim, ao encontro do maravilhoso: divertir-se juntos. Existe algo melhor?
Mais que o alívio de deixar as carteiras, temporariamente, porque o corpo pede movimento, reclama liberdade; mais que a alegria da descontração e da brincadeira, é a alegria de fazer tantas coisas juntos.
Brincar é algo para se fazer acompanhado. A garotada sabe disso. Afinal, qual a graça de se divertir sozinho?
Qualquer idéia é bem-vinda. O vozerio ferve. As rodas de bate-papo criam o humor das gargalhadas.
O violão discreto eleva o canto dos adolescentes ao redor das folhagens do jardim. Logo adiante, gritos eufóricos revelam nomes, além de muitas histórias.
Ei! Aqui, Joana!
Venha, Bete, pra minha equipe!
Soltam o pingue-pongue. No mesmo segundo, duas filas estão formadas. Cada um aguarda atento sua vez. A contagem de pontos é em voz alta.
Toma, Lucas, essa é sua!
Bruno pula, lançando a bola no ar. Com a cortada de Lucas, a bola atravessa a rede em linha reta, quicando o chão do campo adversário. Ponto marcado!
Karine, Sara! Dentro da corda!
O arco da corda é longo para abraçar o grupo compacto de jovens. Os pés parecem levitar, quase sem tocar o chão. Incrível! O movimento coletivo acontece em perfeita sincronia. Uma verdadeira dança tribal. Linda de se ver, ou melhor, linda de viver, pois quem consegue olhar a corda arqueada sem pular?
Do lado oposto, ouve-se outro grito:
Formem o time! Falta um aqui.
E a bola corre solta. Atrás da bola, a velocidade do corpo, a ginga, o drible. O suor lavando a pele, encharcando a camiseta.
Ninguém ganha sozinho
O jogo envolve parceiros e adversários. Uma disputa pacífica e inteligente. A primeira pergunta a fazer é: "quem está a meu favor?"
Como fala Ciça, a capitã do vôlei, ao correr para a quadra:
Cadê meu time? Comigo, galeeeera!
Em outras palavras, é preciso saber com quem iremos somar forças, com quem iremos estabelecer a união, agir em comum acordo.
Cooperar é o melhor caminho.
O diálogo solidário entre os parceiros começa pela cumplicidade do olhar. Além do conhecimento e do preparo técnico, é a união da equipe que favorece o bom desempenho.
Cada jogador assume seu papel, de acordo com o objetivo do jogo. Ocupa um lugar e uma função, cuja finalidade é fortalecer o time. Seja no ataque ou na defesa, ninguém joga sozinho, nem ganha sozinho. Mesmo que alguns se destaquem mais que outros.
Certamente, a vitória caberá à equipe mais unida. Para ganhar a Copa e trazer o Penta, a "família Felipão" deu-nos esse exemplo.
O papel do adversário é, também, importantíssimo. Sabem por que?
Todo ser humano é um potencial a ser revelado. Sempre pode aprender mais, aprimorar suas habilidades. Não é esse seu objetivo na escola?
O adversário desperta a motivação para o jogador ser melhor. Motiva a ação. Estimula o concorrente a pensar mais, a criar novas táticas, a mostrar sua competência. O jogador procura dar mais de si, melhorar a comunicação gestual e verbal, necessária para fazer as coligações com os parceiros.
Assim é na vida.
Os jogos são exemplos bem sucedidos de como viver juntos. Formar parcerias, partilhar talentos, respeitar regras e somar forças para conquistar objetivos.
As regras do jogo
Os jogos contêm regras que orientam o comportamento dos participantes. Os direitos ou as vantagens valem para qualquer jogador. Às vezes, há até juiz para garantir que as regras sejam cumpridas com imparcialidade. O juiz deve marcar as faltas dos jogadores e evitar as agressões.
Viver é compartilhar. As pessoas se aproximam por afinidades ou interesses comuns. Por isso, respeitar as regras sociais é a base para uma convivência harmoniosa.
Conversa entre jogadores:
Quando eu jogo, defendo meu papel com a maior garra!
Eu crio táticas para chegar ao alvo rapidinho. Venço o adversário pelo cansaço.
Eu procuro intimidar o concorrente. Descubro seu ponto fraco para derrubá-lo.
Qual é cara! Isso não é legal!
Ô, meu, não se trata de agredir o adversário. Violência não é comigo! Estou falando de talento. Domino as feras sem apelar. Dou meu suor no jogo, numa boa. - celebra o companheiro, com um ar orgulhoso.
Com unidade
Vamos convidar Cid para conversar conosco?
Diálogo entre Cid e a professora: Cid, você se considera um cidadão ou apenas um personagem? Ora, sou cidadão em pleno exercício dos meus direitos e deveres. Hum!!! Que consciência de cidadania! Sou cidadão desde o meu Registro de Nascimento. Minha certidão documenta minha existência. A partir dela, entrei para a história da humanidade. Não é legal?
Maravilhoso. Espero que você tenha êxito em seu trabalho de divulgar a cidadania em Brasília.
Beleza. No entanto, eu, sozinho, sou apenas um cidadão exercendo meu papel com dignidade. O que você quer dizer com isso, Cid?
Eu simbolizo uma espécie: a humana. E preciso ser visto dentro do coletivo.
Entendi. Você não vive sozinho.
Claro. Já reparou como os animais andam sempre juntos?
Sim. Na minha quadra tem uma revoada de pombos. Adoro jogar milho pra eles.
É. Os pássaros voam sempre em bando.
Alguns voam em pares, como os tucanos.
Minha cadela pariu cinco filhotes. E os cachorrinhos ficam todos juntinhos, juntinhos, como
se fossem uma unidade. - comenta Cid.
Eles se aquecem no calor uns dos outros.
Os cães são bons companheiros. Reconhecem seus donos.
São animais inteligentes, Cid. Eles se comunicam por meio de gestos e sons.
Olho para os meus cães e penso: se eu for tão leal como o mais vira-lata dos cachorros, já
serei um bom amigo.
Lindo, Cid! imagine, então, o quanto o ser humano pode ser amoroso e companheiro! O animal se comporta tão bem usando apenas o instinto.
Significa que ele não precisou aprender isso, não é? - pergunta Cid.
Sim. A inteligência animal está inscrita na memória das células. Já o ser humano tem uma inteligência muito superior. Além do instinto, usa várias linguagens para se comunicar. Tem consciência de si mesmo e dos valores da região onde vive. O comportamento humano precisa ser aprendido.
Grande! Dizem que quem faz um amigo ganha um tesouro. Muitos amigos, então... são uma fortuna! Cid, essa sua preocupação com o coletivo me lembrou o ditado "Uma andorinha não faz verão". Bem lembrado, professora. É preciso que haja um bando reunido para fazer algo acontecer. Fazer aquecer um verão ou florescer uma primavera... Fazer a esperança vencer o medo. E, quem sabe, criar uma sociedade mais solidária. É. Se uma pessoa sozinha já é forte e criativa, imagine o poder de uma multidão. Isto é, de uma comunidade! Basta dividir essa palavra para descobrir seu sentido. Quantas palavras você encontra?
Com unidade. Comum idade. - Já pensou em Comum unidade? - Peguei a idéia! Significa muita gente buscando uma unidade comum. - conclui Cid.
Bravo! Comunidade é a reunião de pessoas para realizar objetivos comuns. Trabalham nos mesmos projetos, assumem os mesmos compromissos. Caminham juntas porque sonham juntas.
Minha quadra é uma comunidade-propõe Luana. - Eu pergunto: por que?
- Tipo assim, vivemos juntos e somos muito amigos. É verdade. As comunidades podem ter pequeno ou grande número de membros. -A Feira do Guará é outro exemplo. Os feirantes se reúnem no mesmo local, nos mesmos dias e horários da semana. Têm obrigações comuns: pagar a taxa de ocupação, vender suas mercadorias, zelar bem de suas barracas e do ambiente, tratar bem o público visitante e ganhar dinheiro para sustentar a família.
A comunidade favorece a sobrevivência
É prazeroso viver em comunidade. A partilha de idéias traz sabedoria. Vence a idéia mais convincente, que beneficia todo o grupo. E de uma boa convivência grupai, surgem grandes amizades.
Uma comunidade traz em si a riqueza das diferenças. Somos brancos, negros, vermelhos, amarelos e pardos: formamos um arco-íris humano. Somos altos, baixos ou anões: uma composição infinita de biótipos. Alegres ou sérios, ricos ou pobres.
Temos inteligências diferenciadas. Enquanto seu colega é extrovertido, adora cantar e tocar violão, você pode ser tímido, mas é bom no futebol. O outro domina a matemática e a química, e assim por diante.
O que facilita a vida em conjunto é essa diversidade. Já pensou se todos os cães fossem iguais ao seu? Você nem poderia identificá-lo.
Juntos, podemos brincar, ter a companhia e o amor dos amigos. Mas a vida não é apenas uma brincadeira. O trabalho é essencial para a sobrevivência do ser humano. Enquanto você está aqui estudando, alguém trabalha para proporcionar-lhe alimento, serviços médicos e remédios, comprar-lhe vestimentas, pagar-lhe o cineminha...
Você já pensou em quem produziu este livro que está em suas mãos? Os cadernos, lápis e canetas que você usa? Seu uniforme? O ônibus que o leva até a escola? Ou a Kombi? Ou o automóvel que você mais gosta?
Alguém construiu sua escola, sua casa, seu apartamento ou seu barraco. E, certamente, você nem ajudou.
Oh, quantos objetos usamos diariamente sem pensar sobre eles! - exclama Cid.
Mas a vida se torna impossível, ou extremamente difícil, sem os mesmos - comenta um aluno.
Meu maior sonho é que todos os garotos do mundo tivessem tudo isso. - confessa Cid. Participamos de um espaço coletivo, onde cada pessoa domina um certo oficio.
Necessitamos uns dos outros para compartilhar nossas habilidades, trocar os serviços e as mercadorias de que dependemos no dia-a-dia.
Você sabe quem construiu nossa cidade? Talvez você conheça algum pioneiro que ajudou a construí-la.
Imaginem quantos operá¬rios, arquitetos, engenheiros, urbanistas, artistas, professores, administradores foram necessários para construir Brasília, no curto tempo de quatro anos.
"A cidade é uma expressão da necessidade humana de contato, comunicação, organização e troca:
As diversas comunidades humanas formam uma sociedade. Por exemplo, todas as comunidades que vivem no Brasil formam a sociedade brasileira.
Ser cidadão é participar dessa organização social, dando a ela sua própria contribuição.
Quais são seus talentos? Que habilidades você deseja desenvolver? Quais são seus compromissos diários? E suas responsabilidades de estudante? Está consciente de seus deveres e seus direitos de cidadão?
As diferentes habilidades humanas tornam possíveis as ofertas de serviços e de mercadorias.
Enquanto alguns plantam e colhem os alimentos, outros os vendem. Alguns plantam o algodão, outros tecem o fio, outros cultivam o bicho da seda, para produzir novos tipos de tecidos. Algumas indústrias tecem, outras costuram as roupas e os uniformes que usamos. Os pesquisadores desenvolvem as tecnologias, enquanto as indústrias fabricam as máquinas.
Tudo isso significa trabalho. Além de ser gratificante para a pessoa, o trabalho possibilita cuidar da família, pagar o aluguel ou a prestação da casa, o telefone, a conta de luz e água.
A sociedade precisa de normas
Somos membros de uma sociedade complexa. Por isso, os seres humanos dependem de regras e princípios comuns para organizar a convivência grupai. E viver em paz.
Como as regras de um jogo! - afirma Cid.
As regras estão nos jogos, nas jogadas da vida e na sociedade-acrescenta a professora. Os princípios de comportamento estão em toda parte: em casa, na nossa família, na
escola, nas ruas, em qualquer ambiente por onde andamos.
Cid, você pode me dar exemplos? - pergunta um aluno.
Não jogar lixo no chão, pois a escola é de todos. - responde. - Não usar o celular durante as aulas, porque incomoda os colegas e interrompe o raciocínio.
Tagarelar durante a aula é desrespeito ao trabalho do professor e jfe também perda de oportunidade de aprender. - completa Cid.
Ótimo, vamos a outro exemplo: se a bicicleta é do colega, você não pode usá-la sem sua autorização. Ir pra casa com ela sem permissão, nem pensar! - lembra a professora.
É falta de juízo! - brinca um aluno, acenando círculos com o dedo em volta da orelha.
É preciso ter senso de responsabilidade! - confirma Cid.
Para conciliar conflitos desse tipo, os seres humanos criaram princípios e valores éticos. - fala a professora.
Um respeitando o direito do outro. - comenta Cid.
Temos que adequar o que queremos ao que podemos, não é mesmo? - conclui a mestra.
Os princípios morais são valores criados para disciplinar a convivência e preservar a sociedade. Visam promover o respeito, proteger a integridade dos cidadãos. São valores baseados na tradição e nos costumes. Ou seja, a moral é expressão de uma cultura.
Alguns princípios morais são regidos por lei, por exemplo, não matar, não roubar etc. Esses princípios defendem o direito à vida e à propriedade.
As leis são indispensáveis para proteger os direitos individuais e sociais. E para manter a comunidade unida. Os indivíduos que desobedecem às leis são penalizados, de acordo com a gravidade da falta cometida. Às vezes, ficam presos muitos anos, deslocados da sociedade.
As comunidades devem agir em defesa do bem-estar de todos, mantendo uma postura ética, baseada no respeito.
Os valores morais variam para cada sociedade. Eles existem para defender a sobrevivência dos grupos. Portanto, deveriam ser éticos. No entanto, em nome desses valores, o ser humano faz a guerra, que é a destruição da vida.
A ética nasce na consciência humana. E significa agir com profundo respeito ao semelhante. Aceitar as diferenças sem preconceito, sem discriminar ninguém.
A ética supõe uma atitude de defesa da vida, em todas as instâncias: humana, animal, vegetal, planetária e cósmica.
O comportamento ético representa a máxima evolução da convivência humana.
Cada profissão possui uma ética específica. Na sua opinião, qual será a ética do esporte?
A ética ecológica faz a defesa do meio ambiente. Você sabe que recolher papéis usados e encaminhar para a reciclagem evita a derrubada de centenas de árvores? Pense em quantos anos a natureza levou para gerar uma árvore frondosa. E em quantos segundos podemos destruí-la?
Se você tem dúvidas de como manter um comportamento ético, pergunte-se:
Minha atitude protege a vida?
Eu gostaria que alguém fizesse o mesmo comigo?
Cidadania é ser responsável para com seus deveres. Saber conquistar seus direitos. Cidadania é assumir sua dignidade, seu valor de cidadão. E contribuir para o bem-estar coletivo.
Você está sendo convidado a exercer sua cidadania. - propõe Cid. Exerça a cidadania e fiscalize no dia-a-dia.
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